Fibras Alternativas: Cânhamo
Atualizado: 5 de nov. de 2022
Cânhamo é o nome dado a um cultivar da espécie Cannabis sativa). A Cannabis é encontrada em registros de até 8.500 anos atrás e o cânhamo teve destaque ainda na era das navegações e colônias portuguesas.
Sua decadência começou a partir do século XIX, com a invenção da colheitadeira mecânica de algodão, que tornou a fibra mais barata e mais atrativa. Com a chegada da era do petróleo, na década de 30, começou-se, também, a utilizar fibras artificiais de forma massiva, como o náilon. Na mesma época, nos Estados Unidos, o cânhamo foi oficialmente banido pela sua ligação com a Cannabis, por meio da lei Marijuana Tax Act. Não, não é possível
fumar cânhamo, mas a ciência teve pouco peso nesse momento de marginalização.
Com concentração menor que 0,3% do composto psicoativo THC, o vegetal pode ser utilizado para a fabricação de diversos produtos. Entre eles, tecidos. Estudo divulgado nesta semana avalia as possibilidades de aplicação da fibra do cânhamo, na cadeia da moda e seus impactos ambientais, além de avaliar o cenário de cultivo da planta.
As informações estão no relatório “Fibras Alternativas: Cânhamo”, publicado pelo Instituto Modefica, entidade que visa estimular o debate sobre a sustentabilidade na moda. “O relatório reúne pesquisas acadêmicas e setoriais acerca dos impactos ambientais da produção de cânhamo, como ela acontece hoje no mundo, bem como entrevistas com especialistas europeus e da América Latina com objetivo de fornecer uma visão sistêmica sobre a produção da fibra, os principais desafios para sua implementação em larga escala na indústria têxtil e as perdas e ganhos ambientais”, explicam os responsáveis, em comunicado.
A conclusão dos responsáveis pela publicação é de que há potencial para o uso da fibra de cânhamo para a produção de tecidos. No entanto, isso dependerá de avanços na legislação para permitir o cultivo da cannabis para estimular a produção e investimentos. “A legalização da produção da Cannabis será um passo importante para que o setor se sinta motivado a investir em processos produtivos de menor impacto. Retomar a produção regional ou local é essencial para reduzir impactos do modelo de produção globalizado”, diz o comunicado, ressaltando que há produção significativa em países como China, França e Turquia.
A pesquisa indica que, se utilizando de partes do cânhamo, é possível fomentar desde a indústria farmacêutica até a de obras. Segundo o levantamento
, as sementes podem ser usadas para formular combustíveis, resinas, óleos, cervejas, cosméticos e suplementos alimentares. Já as raízes conseguem servir de base para medicamentos. E os talos e caules podem ser utilizados em materiais de construção, papéis, móveis, roupas e acessórios.
No caso específico da indústria de moda, a fibra do cânhamo tem potencial para ser transformada em diversas peças. Por ser longa e resistente, pode ser aplicada em camisetas, calças jeans, sapatos, bolsas e chapéus, que apresentam durabilidade muito maior do que outros fios.
Pela primeira vez, o Instituto Modefica apresenta um material inédito, em formato Kindle, pdf para visualização digital e para impressão. O material é gratuito para quem apoia de forma recorrente o Instituto Modefica. Você pode fazer o seu apoio recorrente aqui. O mini report também pode ser comprado individualmente aqui. Todo o valor da venda é revertido para remuneração das profissionais envolvidas na produção do material e para arcar com os custos estruturais do Instituto.
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